Mecanismo de toxicidade (8)
O TCE é lipofílico e atravessa facilmente as membranas biológicas. Embora existam diferenças quantitativas entre as espécies, o TCE é prontamente absorvido pelo corpo por via cutânea, inalação ou oral. Devido à sua lipofilia, o TCE pode atravessar a placenta e também atravessa o leite materno.
O metabolismo do TCE tem sido extensivamente estudado quer em seres humanos como em roedores. Os metabolitos formados são conhecidos por desempenhar um papel fundamental nos efeitos tóxicos associados à exposição ao TCE. Estes metabolitos são conhecidos por atingirem o fígado e rim. As duas principais vias metabólicas são o metabolismo oxidativo através do citocromo P450 (CYP) e a via da conjugação com a glutationa, seguida de mais biotransformações e processamento com outras enzimas. O fígado é o principal tecido para as vias metabólicas oxidativas e GSH conjugação. Ambos os caminhos são saturáveis e, acima da concentração/dose de saturação, o TCE começa a ser excretado inalterado no ar expirado. A quantidade e os tipos de metabolitos formados são importantes para a compreensão da toxicidade do TCE em animais e seres humanos. Exposições concomitantes ao TCE e a compostos relacionados pode afetar o metabolismo do TCE e aumentar a toxicidade, gerando concentrações do metabolito internos mais elevados do que os resultantes da única exposição TCE.
A conjugação é geralmente um processo que leva a desintoxicação. No entanto, este não é o caso do TCE e muitos outros alcanos e alcenos halogenados, porque eles são biotransformados em metabolitos reativos. Os metabolitos de eventual interesse são formados após várias etapas a partir da conjugação coma glutationa, inicialmente formado no fígado, o que resulta em toxicidade ou carcinogenicidade no rim.
Há várias teorias sobre a toxicidade do DCVC (um dos metabolitos do TCE) para o rim e, em menor grau, para o fígado. Uma teoria afirma que uma enzima β-liase catalisa a quebra do DCVC a S-diclorovinil tiol (DCVT), um intermediário instável que reorganiza outros metabolitos e que forma ligações covalentes com nucleófilos celulares, resultando em toxicidade. Outra teoria propões a existência de uma enzima renal que pode formar intermediários e análogos de cetoácidos que se decompõe em DCVT. Uma terceira teoria sugere o envolvimento de sulfonação, quer do DCVC ou do NAcDCVC, pela flavina monooxigenase ou pela CYP3A, respetivamente.
Em contraste com a via de oxidação promovida pela CYP, parece haver diferenças entre género e espécies através da via de conjugação do TCE coma glutationa. Alguns dados em animais mostram que as taxas de TCE conjugado com a glutationa em ratos/ratinhos machos são mais elevadas do que nas fêmeas. De acordo com alguns dados in vitro, as taxas de produção DCVG no fígado/rim são mais elevados em humanos.
Para mais dados sobre o mecanismo de toxicidade do TCE e informações extra, consulte:
http://www.epa.gov/oppt/existingchemicals/pubs/TCE_OPPTWorkplanChemRA_FINAL_062414.pdf
Bibliografia:
8. EPA, disponível em: http://www.epa.gov/oppt/existingchemicals/pubs/TCE_OPPTWorkplanChemRA_FINAL_062414.pdf, acedido em 20/05/2015.